Algumas gramáticas apresentam orientação diferente da clássica quando elencam os duplos particípios |
Espaço para dicas, artigos e informações que possam melhorar as ferramentas de comunicação!
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Verbos: particípio
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Para tirar a dúvida
A presidente, a presidenta
Em alguns casos, o uso fixa como alternativas formas exclusivamente femininas, em que o "e" dá lugar a um "a" |
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Regulamento
1. A promoção é válida até que o perfil @3gbconsulting, no Twitter, atinja a marca de mil seguidores.
2. Concorre somente quem for seguidor do referido perfil.
3. O sorteio será feito em até 24 horas após o perfil registrar a marca de 1.000 (um mil seguidores).
4. Para concorrer, o seguidor terá de ter dado retweet à seguinte mensagem: @3gbconsulting sorteará iPad ao atingir mil seguidores. RT para participar. Quanto mais, mais chance. Regulamento http://tinyurl.com/2eegs57
5. Quanto mais vezes o seguidor retuitar a mensagem, maiores suas chances de concorrer.
6. O iPad sorteado será modelo 3G, com capacidade de 32gb.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Prof. Pasquale
Pode ter ocorrido aí o que chamamos de cruzamento (o redator usou "culpar" com a regência de "atribuir") |
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Redes sociais
Excluindo locais públicos e smartphones, 20,5% dos computadores brasileiros acessaram a rede social em junho. Esse valor só é inferior à Indonésia. Os dados são da empresa comScore, que também divulgou que o acesso ao site cresceu 109% em um ano, devido à América Latina e à Ásia.
.....................
Publicado no jornal Folha de S. Paulo em 12 de agosto de 2010.
terça-feira, 10 de agosto de 2010
Tradução
O tradutor tem de ser um dicionário que contenha as palavras conhecidas e as palavras não conhecidas |
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Masculino e Feminino
Sexismo na linguagem
Uma leitora ficou inconformada com a manchete que encontrou em um grande jornal paulista: “Fulana de Tal foi o quinto juiz suspenso este mês pela Comissão de Arbitragem”. Segundo ela, o jornal demonstrou uma indisfarçável atitude machista ao empregar juiz em vez do consagrado feminino juíza. “O senhor não concorda que a gramática do Português tem um viés claramente sexista? Na escola eu nunca me conformei com a regra que nos obriga a dizer que “o menino, sua mãe, sua tia e suas três irmãs foram convidadospara o jantar” — em que um simples vocábulo masculino tem muito mais força gramatical que todos os vocábulos femininos reunidos! Qual o problema de usar convidadas? Por acaso o menino, com isso, sofreria algum tipo de humilhação? E alguém se preocupa com a humilhação das mulheres, neste caso? Em pleno séc. XXI, não deveríamos eliminar de nosso idioma esses resquícios patriarcais, contribuindo assim para derrotar a ideologia de desvalorização da mulher?”.
Minha cara leitora, não me leves a mal, mas vou discordar integralmente do que dizes — com todo o respeito. Primeiro, nossa gramática não tem o “viés” (palavrinha da moda…) sexista que lhe atribuis; segundo, é impossível mudar essas regras; terceiro, mudanças introduzidas na linguagem não têm o poder de alterar a realidade objetiva; quarto e último, o jornal estava corretíssimo ao usar juiz, e nãojuíza. Vamos por partes. Em primeiro lugar, essa “supremacia” do masculino que nos leva a usarconvidados, e não convidadas, na tua frase (e que faz o dicionário registrar os substantivos no masculino singular — aluno, lobo, prefeito) — essa supremacia, repito, é ilusão. Mattoso Câmara Jr. fez, nos anos 60, a descrição definitiva do sistema de gênero e número de nossos substantivos e adjetivos: o plural é marcado por S, enquanto o singular se assinala pela ausência desse S; a marca do feminino é o A, enquanto o masculino se assinala pela ausência desse A. Sabemos que aluna,mestra e professora são femininos porque ali está a marca; inversamente, sabemos que aluno,mestre e professor são masculinos porque ali não está a marca. Por isso, quando quisermos sergenéricos, podemos usar o singular, masculino (ou seja, o número e o gênero não-marcados): “Obrasileiro trabalha mais do que o inglês” (entenda-se: “todos”) — e por esse mesmo motivo o dicionário assim registra os substantivos. Paradoxalmente, o gênero que exclui é o feminino: se dissermos que o aumento vai ser estendido aos aposentados, homens e mulheres estão incluídos; se for, porém, estendido às aposentadas, os homens estão fora. Se o jornal escrevesse que “Fulana de Tal foi a quinta juíza afastada do cargo”, estaria afirmando que, além dela, quatro outras juízastinham sido afastadas. Como esse não foi o caso - os quatro suspensos antes dela eram homens -, o jornal teve de usar juiz, que engloba o masculino e o feminino.
As mulheres não devem sentir-se humilhadas por isso; é assim que funciona o nosso idioma. Por que afirmo que essas regras não podem ser mudadas por uma decisão política ou ideológica? Porque, diferentemente das leis que regem um país, das regras do futebol, da convenção de nosso condomínio ou do nosso sistema de acentuação e de ortografia — que são regras de superestrutura, criadas por nós e, ipso facto, modificáveis por nós —, as regras morfológicas e sintáticas do Português estão no nível estrutural, muito mais profundo, evoluindo ao longo dos séculos num ritmo e numa direção sobre os quais não temos o menor controle.
Por fim, estimada leitora, aconselho-te a abandonar essa esperança de que seja possível mudar a realidade apenas pela introdução de alterações na linguagem. Esta crença ingênua (e onipotente) esteve muito em voga nos anos 70, dando origem, inclusive, ao equivocado movimento dopoliticamente correto. Muitas feministas pós-Woodstock acreditavam que podiam resgatar (que verbozinho enjoativo!) a dignidade da mulher forçando na linguagem a visibilidade do gênero feminino. Se o vocábulo tinha dois gêneros, os dois deveriam aparecer na frase. Até bem pouco tempo, uma ONG brasileira fazia questão de escrever “os eleitores e as eleitoras votaram”, “os participantes e as participantes receberão”… Felizmente esta tendência está agonizante, e qualquer pessoa culta, quando escreve “Para o bem de seus filhos, os brasileiros deveriam escolher melhor os candidatos em que votam”, sabe que está dizendo “Para o bem de seus filhos (não importa o gênero), os brasileiros (não importa o gênero) deveriam escolher melhor os candidatos (não importa o gênero) em que votam”. Agora, imagina só se eu vou ter a coragem de escrever “Para o bem de seus filhos e de suas filhas, os brasileiros e as brasileiras deveriam escolher melhor os candidatos e as candidatas em que votam”. Que espanto sentiriam os meus leitores e as minhas leitoras!
[2ª parte]
Na coluna anterior, procurei demonstrar que não há nenhuma discriminação sexista nas regras de concordância nominal de nosso idioma, ao contrário do que apregoam certos grupos que lutam pelo reconhecimento dos direitos da mulher. Repito: uma expressão como meus amigos sempre terá dois valores — um, mais restrito, que se refere apenas aos amigos homens; outro, mais genérico, que funciona como uma espécie de neutro, designando tanto os amigos masculinos quanto os femininos. Por que isso? Porque o masculino é o gênero não-marcado, inclusivo, enquanto o feminino é um gênero naturalmente excludente; ao falar de minhas amigas, falo das mulheres, e apenas delas. Não é, pois, uma mera atitude que possamos mudar de acordo com nossa vontade; trata-se, isso sim, da maneira como a língua se estruturou ao longo de sua formação, e não vai ser alterada pela decisão de um grupo, por mais numeroso que seja.
Ora, como isso contraria frontalmente algumas palavras de ordem que ainda são levadas a sério em nosso meio, diversos leitores escreveram para discordar do que afirmei. Dois deles tentaram ao menos entabular uma discussão teórica sobre o assunto, honestamente interessados em me convencer do seu ponto de vista; eu os respeito por isso, embora seus argumentos fossem mais emocionais e políticos do que lingüísticos. Os outros descambaram para o ataque pessoal, dizendo de mim o que Maomé não disse do toucinho — machista, retrógrado e machista retrógrado foi o mínimo com que mimosearam este seu criado. A estes já vou avisando que aqui essa tática não pega; não tenho medo de rótulos, e não vou deixar que o conhecimento científico recue diante de patrulhadores que elevam o tom de voz para esconder a falta de estudo.
O principal defeito de seu raciocínio é confundir (1) a relação masculino-feminino do sistema morfológico do Português, que é imutável, com (2) a recusa que certos setores da sociedade ainda têm de usar os femininos de cargos e funções — esta sim, uma atitude censurável e que pode (e deve) ser reformada em pouco tempo. No primeiro caso, o uso do masculino como forma abrangenteé indispensável para o funcionamento de uma língua como a nossa, em que o artigo, o numeral, opronome, o adjetivo e o particípio concordam em gênero com o substantivo que acompanham. Se a cada masculino acrescentássemos a forma feminina correspondente, deixaríamos de falar o Português e passaríamos a nos comunicar numa algaravia repleta de ecos intermináveis. Asseguro aos defensores da “inclusão lingüística” que uma frase do tipo “os dez cantores premiados serão reunidos no auditório, onde os admiradores poderão fotografá-los” fará muitíssimo menos dano que algo impronunciável como “os cantores premiados e as cantoras premiadas, num total de dez, serão reunidos e reunidas no auditório, onde os admiradores e as admiradoras poderão fotografar a eles e a elas“, frase tão repetitiva e prolixa que lá pela metade já esquecemos do que ela está falando.
Coisa bem diferente é a forte resistência que ainda existe em usar a flexão feminina naqueles cargos e postos que, durante séculos, foram ocupados exclusivamente por homens. Quem acompanhou a ascensão política e profissional da mulher nos últimos trinta anos viu a lentidão com que a mídia foi adotando formas femininas que hoje se tornaram indispensáveis: primeira-ministra, senadora,governadora, deputada, prefeita, vereadora, juíza, promotora, entre tantas. O mecanismo da língua prevê esses femininos, mas seu emprego era praticamente nulo devido ao escasso número de mulheres que conseguiam vencer as limitações que lhes eram impostas. Aqui o problema é realmente de natureza ideológica e pode ser solucionado por uma mudança de atitude. O ingênuo e bondoso Exército da Salvação, por exemplo, há muito utiliza os femininos soldada, sargenta, capitã,coronela e generala, que as Forças Armadas ainda relutam em adotar — por enquanto. O Francês, quanto a isso, é surpreendemente mais rígido, como denuncia Marianne Yaguello, e lá os movimentos feministas enfrentam um osso duro de roer: apesar de existir a flexão feminina, grande parte das profissões de prestígio ainda são utilizadas exclusivamente no masculino: “Mme. X est chirurgien” (”cirurgião”), “Il est amoureux de son chirurgien” (”ele está apaixonado por seu cirurgião” - mesmo que se trate de uma mulher!). Como se pode ver, é a língua que sofre a influência da evolução social (dentro, é claro, dos limites fixados por sua estrutura) — e não o contrário, como querem. Ela não pode preceder e forçar a evolução das mentalidades.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Pra que correr riscos?
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
ABC da Língua Culta
Usando a língua
Na publicidade, às vezes as palavras não significam ou não precisam significar coisa alguma |
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Triste constatação
Português é a matéria com pior resultado no Enem
20 de julho de 2010 | 9h 55
Nas outras grandes áreas do conhecimento, a maior média dos colégios ficou entre 700 e 800 pontos. Com a maior média geral do País, o Vértice encabeça as notas das escolas da capital em Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas. Em redação, a melhor média foi do Colégio Batista.
A pontuação máxima abaixo de 700 em linguagens é considerada "preocupante" e um reflexo da chamada "geração Y", educada com a ajuda da internet. Para gestores de escolas, com os jovens cada vez mais conectados em redes sociais, a linguagem desenvolvida no mundo virtual se distanciou da língua culta, empobrecendo o vocabulário e prejudicando a capacidade de interpretar textos mais longos.
"Está tudo muito abreviado, curto, e eles deixam de produzir textos. É tudo copiado: control-C, control-V", diz Maria Martinez, diretora pedagógica do Batista Brasileiro. "Não aceitamos trabalhos copiados da internet. As próprias escolas, às vezes, entregam material pronto para o aluno, que só tem o trabalho de responder, não de elaborar o texto". Diretor do Vértice, Adílson Garcia reconhece que há dificuldade do jovem em adquirir hábitos de leitura.
As informações são do Jornal da Tarde.
Dica de site
terça-feira, 15 de junho de 2010
Dicionário analógico da língua portuguesa

Surpreendido pela nova edição do dicionário analógico de Francisco Ferreira dos Santos Azevedo, sinto como se revirassem meus baús e espalhassem aos ventos meu tesouro. Trata-se de uma terrível (funesta, nefasta, macabra, atroz, abominável, dilacerante, miseranda) notícia
Pouco antes de morrer, meu pai me chamou ao escritório e me entregou um livro de capa preta que eu nunca havia visto. Era o dicionário analógico de Francisco Ferreira dos Santos Azevedo. Ficava quase escondido, perto dos cinco grandes volumes do dicionário Caldas Aulete, entre outros livros de consulta que papai mantinha ao alcance da mão numa estante giratória. Isso pode te servir, foi mais ou menos o que ele então me disse, no seu falar meio grunhido. Era como se ele, cansado, me passasse um bastão que de alguma forma eu deveria levar adiante. E por um bom tempo aquele livro me ajudou no acabamento de romances e letras de canções, sem falar das horas em que eu o folheava à toa; o amor aos dicionários, para o sérvio Milorad Pavic, autor de romances-enciclopédias, é um traço infantil no caráter de um homem adulto.
Palavra puxa palavra, e escarafunchar o dicionário analógico foi virando para mim um passatempo (desenfado, espairecimento, entretém, solaz, recreio, filistria). O resultado é que o livro, herdado já em estado precário, começou a se esfarelar nos meus dedos. Encostei-o na estante das relíquias ao descobrir, num sebo atrás da Sala Cecília Meireles, o mesmo dicionário em encadernação de percalina. Por dentro estava em boas condições, apesar de algumas manchas amareladas, e de trazer na folha de rosto a palavra anauê, escrita a caneta-tinteiro.
Com esse livro escrevi novas canções e romances, decifrei enigmas, fechei muitas palavras cruzadas. E ao vê-lo dar sinais de fadiga, saí de sebo em sebo pelo Rio de Janeiro para me garantir um dicionário analógico de reserva. Encontrei dois, mas não me dei por satisfeito, fiquei viciado no negócio. Dei de vasculhar livrarias país afora, só em São Paulo adquiri meia dúzia de exemplares, e ainda arrematei o último à venda na Amazon.com antes que algum aventureiro o fizesse. Eu já imaginava deter o monopólio (açambarcamento, exclusividade, hegemonia, senhorio, império) de dicionários analógicos da língua portuguesa, não fosse pelo senhor João Ubaldo Ribeiro, que ao que me consta também tem um, quiçá carcomido pelas traças (brocas, carunchos, gusanos, cupins, térmitas, cáries, lagartas-rosadas, gafanhotos, bichos-carpinteiros).
A horas mortas, eu corria os olhos pela minha prateleira repleta de livros gêmeos, escolhia um a esmo e o abria a bel-prazer. Então anotava num Moleskine as palavras mais preciosas, a fim de esmerar o vocabulário com que eu embasbacaria as moças e esmagaria meus rivais.
Hoje sou surpreendido pelo anúncio desta nova edição do dicionário analógico de Francisco Ferreira dos Santos Azevedo. Sinto como se invadissem minha propriedade, revirassem meus baús, espalhassem aos ventos meu tesouro. Trata-se para mim de uma terrível (funesta, nefasta, macabra, atroz, abominável, dilacerante, miseranda) notícia.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Silepse
"Vossa Excelência parece contrariado/a"
Em "Vossa Excelência parece contrariado", o adjetivo "contrariado" concorda com o sexo do ser representado |
Vimos que em "botam a gente comovido" ocorre uma concordância diferente da que pregam as regras gramaticais. O adjetivo "comovido", masculino, não concorda com o substantivo "gente", feminino, mas com o seu significado ou valor. Esse "a gente" está aí por "eu". Em casos como esse, a expressão "a gente" é definida como "a(s) pessoa(s) que fala(m)"; "eu", "nós" ("Aulete", versão eletrônica) ou como "a pessoa que fala em nome de si própria e de outro(s)"; "nós" ("Houaiss"). É bom lembrar que o nome desse fenômeno linguístico é "silepse" (concordância com a ideia, com o sentido mais próximo, e não com a forma).
Notou o que fez o "Houaiss" na definição de "a gente"? Vamos lá: que dizer da sequência "pessoa", "própria" e "outro(s)"? A forma "outros" não carece de explicação, já que pode muito bem ter o sentido de "as outras pessoas", mas e a forma "outro" ("a pessoa que fala em nome de si própria e de outro")? Não seria "outra"? Ou será esse outro caso de silepse? E, se for, a que termo se referirá a palavra masculina "outro"?
Que tal vermos os tipos de silepse? Como as concordâncias (verbal/nominal) podem envolver o gênero (masculino/feminino), o número (singular/plural) e a pessoa (primeira/segunda/terceira), são essas as classificações dos diversos tipos de silepse. Quando se diz, por exemplo, que "São Paulo é insuportavelmente suja e esburacada", com quem concordam os adjetivos "suja" e "esburacada", femininos? Com "São Paulo", que, ao pé da letra, é expressão masculina?
Certamente não. Esses adjetivos concordam com o sentido de "São Paulo" (a cidade de São Paulo).
O caso que acabamos de ver é de silepse de gênero, já que o que se trocou foi justamente o gênero (em vez do masculino, da expressão "São Paulo", empregou-se o feminino, em acordo com o sentido).
É nesse caso que se enquadra o título desta coluna. Em "Vossa Excelência parece contrariado", o adjetivo masculino "contrariado" não concorda com a forma feminina da expressão de tratamento "Vossa Excelência", mas com o sexo do ser representado (um deputado, senador, prefeito, governador, presidente etc.). Se a frase fosse dirigida a uma mulher, seria empregada a forma feminina ("contrariada").
Vejamos outro caso: "Os professores temos plena consciência de que...". Essa frase só pode ser dita por um... Por um professor, é claro.
Quando atuam como sujeito, formas como "os professores" costumam levar o verbo para a terceira pessoa do plural ("Os professores têm plena consciência de que...").
No exemplo visto, quebrou-se a "normalidade" com o emprego de "temos", da primeira do plural, que não concorda com "os professores", mas com "nós", forma presente no pensamento de quem emitiu a frase (obrigatoriamente um professor). A silepse agora é de pessoa, já que se trocou a terceira do plural ("eles") pela primeira ("nós").
Por fim, veja este exemplo: "Pediu à turma que não fizessem barulho". A quem se refere a forma verbal "fizessem"? Ao substantivo coletivo "turma", cuja forma é do singular? Não. A forma "fizessem" concorda com o significado da palavra "turma". O que há aí, portanto, é um caso de silepse de número, já que se trocou o singular (de "turma") pelo plural (de "alunos", "colegas", "companheiros"). É isso. inculta@uol.com.br
..............................................
Publicado no jornal Folha de S. Paulo em 22 de abril de 2010.
terça-feira, 20 de abril de 2010
Língua - Revista Veja
Idioma
A multiplicação das palavras
Os vocábulos estrangeiros se incorporam ao português numa velocidade assombrosa, enriquecem a língua e levantam a discussão sobre adaptar ou não sua grafia
Nataly Costa
Thiago Prado Neri/Tv Globo![]() |
Letra por letra Daniel (primeiro à esq. no trio ao centro da foto), no Caldeirão do Huck: traído pela palavra kirsch, recente no português |
Para se ter uma ideia da agilidade desse processo de transformação da língua, os editores dos dicionários Aurélio, Houaiss e Larousse usam um programa de computador desenvolvido para pesquisar continuamente palavras estrangeiras que aparecem nos jornais, revistas e sites brasileiros. Quando o uso de uma palavra se torna frequente, é sinal de que pode ser a hora de dicionarizá-la. A ideia de que é preciso aportuguesar os vocábulos estrangeiros, segundo os especialistas, está ultrapassada. O que determina o aportuguesamento ou não de palavras estrangeiras é a forma como a população se familiariza com elas. De acordo com a lexicógrafa Thereza Pozzoli, da equipe do dicionário Larousse, alguns vocábulos, graças à semelhança com a morfologia e a fonética brasileiras, são adaptados para o idioma com naturalidade. É o caso de blecaute, ateliê, quiosque e surfe. Outros termos mantêm a forma do idioma original, como marketing, design e réveillon. Há palavras aportuguesadas que figuram no dicionário, mas não vingam no dia a dia, como esqueite (skate) e leiaute (layout). "Nem sempre optamos pelo aportuguesamento, pois o uso do vocábulo em sua língua original se mostra preponderante", explica Renata Menezes, da equipe do Aurélio.
A multiplicação das palavras estrangeiras no português pode apavorar os puristas do idioma, como o deputado Aldo Rebelo, cuja luta para proibir os estrangeirismos no país já se tornou folclórica. Para estes, o exemplo a ser seguido é o de Portugal, que tenta traduzir tudo para a língua nativa – o mouse do computador, por exemplo, é chamado de rato. Os grandes linguistas brasileiros, contudo, concordam que os termos estrangeiros servem para enriquecer o idioma, não para prejudicá-lo. "Se o estrangeirismo fosse nocivo, a própria língua trataria de expulsá-lo", pondera o gramático Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras.
A história mostra que é da natureza dos idiomas incorporar vocábulos estrangeiros e que, nesse processo, eles evoluem. Na Idade Média, a língua portuguesa contava com apenas 15 000 palavras. Hoje, são mais de 400 000, muitas delas importadas, através dos séculos, do árabe, do italiano, do francês e do inglês. O linguista americano Noah Webster (1758-1843), considerado "o pai da educação" em seu país, costumava lembrar que o idioma vive e pulsa no dia a dia da população, e não nos gabinetes dos intelectuais. Dizia ele: "A língua não é uma construção abstrata dos sábios, ou dos dicionaristas. Ela nasce do trabalho, das necessidades, das relações humanas, das alegrias, afeições e experiências de muitas gerações". O termo alemão kirsch, que derrubou o estudante Daniel Coutinho na TV, poderá um dia soar natural para seus filhos.
Língua viva e veloz
No passado, os dicionaristas esperavam dez anos para verificar se uma palavra estrangeira fora adotada plenamente no país. Hoje, com a rapidez com que os estrangeirismos são incorporados ao português, esse prazo é de um ou dois anos. A seguir, vocábulos que serão incluídos na próxima edição do Dicionário Aurélio*
Tecnologia
Smartphone – Celular com alguns recursos de computador
Pop-up – Janela que se abre em página da internet para propaganda
MP3 – Forma de compactação de arquivos de áudio
Antispam – Programa que previne publicidade eletrônica não solicitada
Bluetooth – Tecnologia para conectar dispositivos sem o uso de cabo
Gastronomia
Blanquette– Guisado de carne branca
Chutney – Tipo de geleia de origem indiana
Muffin – Pão fofo doce assado em pequenas fôrmas
Sashimi – Prato da culinária japonesa que consiste em fatias de peixe cru
Bock – Tipo de cerveja adocicada e de teor alcoólico forte
Pierogi – Prato da culinária polonesa que consiste em pastéis cozidos
com diversos tipos de recheio
Comportamento/Esportes
Bullying – Violência psicológica ou física praticada repetidamente
Antidoping – Tipo de exame que busca identificar substâncias de uso proibido no sangue dos atletas
Barwoman – Mulher que prepara drinques profissionalmente
Off-road – Diz-se de veículo próprio para trafegar em terrenos acidentados
Brake-light – Luz de freio dos veículos
.............................
Publicado na Revista Veja de 21 de abril de 2010, edição 2161
quarta-feira, 14 de abril de 2010
NEGÓCIOS >> Presença no microblog pode dobrar a quantidade de mensagens postadas sobre a marca no serviço, diz pesquisa
Reprodução![]() |
DA REPORTAGEM LOCAL
O estudo analisou 91.145 mensagens trocadas no microblog sobre 50 marcas de relevância nacional, de oito setores econômicos, durante o período de 20 de setembro a 24 de outubro de 2009.
Cláudio Torres, consultor em marketing digital que participou da pesquisa, diz que o aumento expressivo no número de internautas brasileiros contribui para que as empresas deem mais atenção às mídias sociais. "Eram cerca de 28, 29 milhões de internautas em 2007. Hoje em dia os últimos números já falam em mais de 67 milhões", diz.
Das 50 empresas pesquisadas, 42% têm perfil no Twitter e postam, em média, cinco mensagens por dia.
Embora as empresas que não têm Twitter também sejam citadas, o grupo que atua no microblog concentra 74% do volume total de mensagens trocadas sobre marcas no período.
Outros 11,2% das mensagens postadas que citam as empresas são retransmitidas a outros usuários. No setor de cosméticos, essa taxa chega a dobrar.
Sucesso
Algumas empresas entenderam o funcionamento das mídias sociais e fazem mais do que promoções ou divulgação de produtos e serviços.
No perfil da Sacks Perfumaria (@sacksperfumaria), cada seguidor representa uma doação de R$ 0,25 feita pela empresa para o Instituto Criar, dedicado à inserção de jovens de baixa renda no mercado de trabalho.
Outro exemplo é o perfil da Livraria Saraiva (@saraivaonline), que mantém um relacionamento bem pessoal no tom das respostas aos usuários, além de realizar concursos exclusivos para os usuários do microblog.
Em Porto Alegre, a rede Pizza Hut (@pizzahutpoa) abriu o perfil para sugestões de sabores de pizza enviados pelos seguidores.
"Recebemos 80 sugestões, numero que consideramos muito bom" diz a gerente de comunicação da empresa, Dana Chmelnitsky. "As cinco melhores foram escolhidas e colocadas em votação em nosso site". O prêmio para o ganhador será um jantar com 8 acompanhantes. (ALEXANDRE ORRICO)
...........................
Publicado no jornal Folha de S. Paulo em 14 de abril de 2010.